Teoria da língua concreta

I

No levantamento que fiz das minhas teorias que vim desenvolvendo pela vida, e que queria ver um dia publicadas, ganhando mundo, superando esse amargor de vê-las tão criativas empoeiradas, cobertas de pano no fundo da oficina, pois nesse levantamento não incluí, propriamente, minhas ideias sobre a própria escrita. O caldeirão de intuições fervilhantes da manuelalogia e toda a poesia por que atravessei e barthes e o princípio materialista e a poesia concreta... Onde os estudos de etimologia, de teoria da etimologia, e onde o conhecimento deve ser rebaixado à expressão, sombra, fios que movem o títere da ideia em si, que não podemos tocar? Ainda platônico e kantiano, seguindo a leitura de deleuze daquelas ideias, atratoras além do sensível. Pois bem, neste percurso bem poético de querer fruir a escrita nela mesma e ver do que dela sai: esse gosto da metalinguagem desenfreada, a direção para baixo, para aqui: busca do centro do relógio... Falar sobre a própria escrita, descrevendo os muitos processos de criação: do próprio texto como experimentos que talvez ajudem a explicar o objeto do texto... E finalmente, me ocorre agora, por um lado erguer catedrais, máquinas de argumento bem azeitadas, utilizar o mapa, comunicar, criar teorias "úteis"; mas por outro lado não se reduzir a "fechar" o significante final. Deixar portas abertas, deixar o inventário, o vocabulário, todo o arsenal de visões discordantes em cena: às vezes desejo isto, da ciência: que pare de censurar as versões derrotadas, inadequadas; que passe sua mensagem, mas traga também o cortejo de anexos. Formar então a teoria plato-kantiana da apreensão intuitiva, pré-verbal; do texto multifacetado, da palavra objeto; mas não fechar só nisso, e deixar as muitas interrogações sobre o escrever exploratório, comunicativo, receptivo, as dúvidas sobre o objetivo da escrita. Até para não tornar a tarefa por demais hercúlea, para torná-la viável; para não colocar, no projeto, como alicerce algo que ainda nem existe: fazer o plano da obra apenas a moldura de sua frutificação, madura, para circular (falar também disso!) e não me impor o fechamento de uma teoria inacabada. 


II

Teoria da língua concreta. Não lemos tudo com a mesma intensidade: pulamos impunemente descrições, explicações, palavras que não entendemos; lemos de maneira errática, absorvendo o significado em diferentes modulações de interesse, de atenção. Depressa empilhamos as frases aceitando um sentido transversal: achamos ter captado a ideia geral que inspira aquelas linhas, e assistimos ao desfile de palavras satisfeitos com a boa ou má execução daquela roupagem, do virtuosismo de quem fala conseguir manter viva a mesma ideia por tantas linhas, mantendo o interesse. Quando então uma frase nova parece destoar, não se adequar ao sentido que imaginávamos, somos obrigados a rever, a reler, imaginando outra figura: e como com as indicações do texto vamos atando pistas até formar um retrato falado, um x no meio do mapa, uma jaula de linhas que nos ajuda a capturar a nova ideia. A ideia é, assim, algo fora do texto, e quem lê como que se hipnotiza no desfile de frases nos seus olhos que provoca isso sim o desfile de figuras indizíveis; o texto é então como contornos, pegadas, fragmentos de estátua, cacos de vaso e restos, ruínas incompletas onde é quem lê que monta castelos de ar; escrever é construir com ar.


III

As palavras não são bem o que parecem; a frase não diz bem aquilo que ela diz. São gestos, símbolos, que invocam algo de fora, que conduzem uma dança, ativam um corpo, e não adianta buscar insistentemente, como num interrogatório, o sentido literal das palavras, porque elas existem muito mais como fórmulas, expressões consagradas - cujo sentido de difícil expressão, cujo movimento que indicam - como num passe de mágica elas fazem surgir o significado, tomando atalhos pela repetição de encadeamentos conhecidos. Este ser meio etéreo das palavras, que são, em sua aparência literal, as sombras, o decalque, os contornos do sentido profundo que elas provocam ao serem utilizadas, transparece com muita força nas etimologias, ou, para ser mais exato, nas ressonâncias e parentescos entre as palavras. Que a palavra porta seja apenas o seu significado no dicionário não revela bem por que ela teria uma estrutura com tantos vias em uso. Pois é só mudar as vogais e temos porto ressoando a imagem, e temos parto e temos parte, e há um movimento comum entre essas palavras para além de suas consoantes. Será então que nós nem lemos as vogais, como numa língua aramaica, árabe ou hebraica, e o sentido se transfere por esse esqueleto de consoantes, de quinas e pontas duras onde as palavras furam e perfuram o tecido colorido das vogais, para desenhar o volume do significado? Montando uma estrutura de linhas e retas gramaticais, por sobre a qual se estende a lona do discurso e o público se exalta pelos vultos que entrevê debaixo do lençol? É preciso, de toda forma, afastar-se da concepção triunfalista de toda a linguística, que pretende saber o que se está dizendo, e analiticamente desvendar a ossatura lógica do discurso. Longe dessa precisão, temos de tirar os óculos e assumir uma teoria muito mais desfocada e ignorante, muito mais humilde (e fascinante). Como que pré-científica, mais afim do uso cotidiano e das fórmulas, dos ditados populares, a teoria da língua concreta dá um passo atrás e se assusta com o fato da língua ser, na verdade, ininteligível, ou melhor: de que o funcionamento da língua não pode ele mesmo ser descrito com palavras; como os demais objetos do mundo, a língua também está sob a lona do circo e seu volume guarda tantos mistérios quanto é impossível decifrar.

Lua cheia da última carta

Lua cheia, é claro
Não quero ficar listando os afazeres que me atravessam, me vangloriando da minha importância.
Será que puxo a onda para o espiritual? Para o índio malhado de onça que me levou a esse rapé? Para a senhora que salvo quando vou beber, e cuja guia me protege? Sem o fumo, de repente me permiti isso de aplicar o tabaco... com jurema, quando insisti perguntando o que tinha. Foi tão rápido. 
Eu segui o mantra de buscar a beleza, esse foi meu fio condutor ali. Busquei o aplicador bonito, que Johanna achou bonito. Busquei o rapé do índio que eu achara bonito antes.
Que pressão.
É a pressão, novamente, de ter (ou tentar ganhar) um aliado: uma planta de poder, que entra em mim e me toma e me guia para um lado.
Estou tomando pisco como cachaça em bons tragos aqui. É lua cheia.
Os dias estão muito intensos, como sempre. Ah, vou listar. O mínimo é apresentar pesquisa para inaugurar um grupo de estudos no Maranhão. O mais chique é participar da feitura de um programa no Senado, pelos bastidores do PT. Hoje me foi tomando ódio misturado a ressaca ver os bolsonaristas. Amanhã lidero desenhos do nosso jornal que precisa decidir estrutura de conselho editorial...
Penso agora, será um insulto à rapé, ao tabaco e ao rapé, estar aqui me debatendo com essa mundaniedade...
Estou num estado meio estranho: e abrir o aliado abre essa permissão. De transcender. A sede de álcool está grande. Impossível dormir.
Abrir essa caixa de pandora? Eu fico com receio... Tenho que me construir forte, no meio do turbinado tornado em que vivo. Apenas tenho sementes e mudas, mas a planta está plantada no local exato, eu estudei durante muito. Minha bagagem é extensa, eu conheço tantos mapas. E desta vez estou indo com peso na mão, a caneta emite tinta grossa, o desenho é poderoso, agregador, são muitas vozes que se somam... 
Transcender... abrir-se à poesia. Era mais fácil quando mais novo, quando tomava uísque e ouvia Radiohead e isso era tão novo e potente que me largava no teclado aos olhos fechados digitando, digitando... Hoje as raízes são longas, tenho que mover castelos... Sigo numa cruzada, numa cruz que carrego? Num martírio penoso? Não acredito, é perverter o sentido.
É pela terra. É a terra, e eu quero apenas fluir. Tenho fé que sendo humilde e prudente, muito prudente, é possível viver bem. A vida está tão boa. Amo tanto Johanna e esse bichinho que criamos que dá risada como um gostinho que ele é. Terça-feira é São Jorge estão soltando fogos e eu insone escrevo rapezado e descendo pisco. In-dios a Johanna me perguntou sobre o debate indígena e eu pela intimidade com o termo índio... Não vamos sacralizar mais uma coisa, não cair no buraco negro da oposição branco-negro...
Lua cheia, lua cheia do cinco de copas, cuidado com o entusiasmo, e estou aqui abrindo a porta dum aliado, e quando iniciei a série tinha apenas rompido com o aliado antigo, que havia virado nada. Não tinha mais o mistério, havia o burocrático monótono vício. E a gestão do vício. Agora me pergunto sobre a gestão do rapé... Não é o mesmo. Estou virando álcool e em dúvida se imagino que estou catalisado pela porta aberta à possibilidade placebo do agente estranho que me desmancha o real... Ou se resisto e controlo, eu que busco os grandes ventos, 35 anos e os ventos soprando e aprendendo seus mapas e como empinar pipas e construir barcos... E agora os barcos são maiores, mas e daí... A arte é a mesma, seja no meio do tornado seja nas bordas. Continuar humilde sendo um grande servo-senhor da terra, pois sendo a terra-mesma manifesta que se sobrepõe à dualidade. 

Talvez isto o grande presente do princípio materialista: propor o terceiro, propor a síntese por baixo.

PS.
Elogiar então, de novo, o Colaboratório, momento extremo de utopia, dedicação fanfarronada. Minha vida é cheia de sonhos-entregas, eu que sou rico queimo a riqueza num potlatch (que contava à Jo lembrando Bataille e pensar a vida-morte para além do ciclo mercantil que Marx viu ser a fumaça que tudo encobre, tapando o princípio genético). Continuar humilde, meu grande ensinamento eram os manuais do Colab, as placas, aquela filosofia dissipadora do poder, crente na massa "anônima" não ser o monstro. Talvez isto o grande presente daquela filosofia que não publiquei direito: a defesa da massa anônima, dela não ser monstro, dela precisar ser... domesticada? Inserida na Economia do lar? Ou restará caótico nada...

E para seguir a simetria, vamos recolher então meus outros filosofemas? Qual era a tríade nova? Um sobre a mensagem poder, um sobre a política chão, um sobre a escrita mapa, um sobre ... teria que olhar o mapa de novo.
Então vamos voltar à tríade perscrutando. Já estou bêbado, vou precisar comer e tem reunião daqui 8h14. Olalá diria Théo (pausa para saudá-lo, saudadá-lo).  

Revistas acadêmicas

Pesquisando revistas acadêmicas para publicar meus artigos. Quero tentar não ser tão crítico, quanto mais criticar tanto o grupo em que eu mesmo quero entrar. Mas... não consigo. Vou falar 2 coisas só.

A primeira é o foco esquisito dos estudos. É um retrabalho infinito, uma superposição desmedida. Parece aquele teorema do eleitor mediano, em que os políticos vão todos se aproximando do centro e fica uma mesmice, porque basta ser levemente prum lado que já capta todo o eleitorado mais extremado, sem incorrer no custo de desagradar o resto... Análises sobre federalismo nos anos 1990, sim, e sobre a renegociação das dívidas de 1998 (meu tema), sim. Mas, é exatamente isso. Não há análises a partir dos 2000, não há análises sobre outros estados. Diacho, não há nenhuma análise divergente: é a mesmice interpretativa. A grande vitória FHC (não haverá algum outro artigo, identificando essa obsessão elogiosa da estabilização, cega a tudo o mais?) em 1998. Vão às vezes num detalhismo cronológico até 1998, e aí dispersa. Vitória. Não se estuda nem 1999, nem nada mais. E aquela tara com a repressão estadual, a tônica (o mais heterodoxo é dizer "ei" e só, bem reativo, acusando exagero mas sem defender propriamente). E ainda, no caso dos bancos, só São Paulo, Rio de Janeiro, e tá bom, já ficou "local" demais.

Penso numa academia racionalizada, planificada, em que os estudos seriam distribuídos de maneira mais sistemática. Bem, você terá que estudar o estado seguinte, bem, você terá que estudar o quinquênio seguinte, bem, você terá que defender o ponto de vista seguinte. E avaliar o pesquisador não tanto pelo conteúdo genial que ele escolheu, a sua mensagem política sagaz, sua percepção das cuestões centrais... mas mais por como ele desempenha seu papel mão-na-massa, de enfrentar o preenchimento das lacunas. Menos artista, mais operário; menos indivíduo, mais artesão.

Bem longe disso, no mundo real, estou relendo isso aqui e rindo que eu mesmo vou exatamente no mesmo tema, no mesmo período, pentelhar o povo no terreno deles. Também eu não quero me perder publicando sobre as manobras escusas do estado de Santa Catarina em 2004, ou Pernambuco em 1997... Não, vamos falar de temas gerais, temas maiores! E me consolo, dizendo que já estou introduzindo bastante ruído.

Segunda coisa, é minha ranzice contra econometria. Que grande perda de tempo, os duzentos artigos provando e desprovando a relação entre dívida, inflação, câmbio, etc. Dessa vez com um modelo mais novo! Dessa vez com o teste de Quilguins-Watkinson dobrado. Penso numa academia racionalizada, em que os dados seriam reunidos, e um debate iria sendo acumulado, listando prós e contras, acumulado, sem dispersão, concentrado, coordenado, confluente... Ah. E não essa "bagunça" (me perdoem, cardeais) de cada revista com o seu resultado, uma sabe que gasto público dá crescimento, a outra sabe que não dá e ponto e fim... 

E mais. Cá com meus pensamentos sobre "equações simultâneas" ou qualquer nome para endogeneidade entre as variáveis observadas. Se o gasto gera crescimento, como provar isso, já que mais crescimento traz mais arrecadação que permite mais gasto, e tudo anda meio que junto. Daí vem o econometrista empolgado fazer o quê? De onde ele vai tirar a informação para provar a "causalidade"? Tem informação pra isso? Tem informação sobre o "grosso", sobre o "núcleo" da causalidade, ou só sobre as margens, só sobre estados excepcionais? O que eles podem realmente fazer com seu jogo de vetores e esquimbau? Tirar leite de pedra é, na verdade, impossível. Imagino, ignorante que sou, se esses testes todos não são ficar olhando os ruídos, os atritos da relação causal, as pontas soltas, os pequenos desvios; e deles tentando dizer a relação como um todo. Meu gasto aumentou 10%, o PIB 9%, eles vão ficar fritando nesse 1% de diferença; no outro ano o gasto caiu 3%, o PIB 2%, está provado que o gasto é neutro em relação ao PIB. Sei lá o que fazem... Se prestam a esses testes? Se houver uma defasagem... enfim.

Imagino um passo atrás em relação ao econometrista, e antes que ele comece a desfilar seus modelos lindos de Chicago e United States of America e London School of Economics e Sciences Po e muitos centros do saber renomadíssimo com todas as condecorações aristocráticas meio proletarizadas desse universo acadêmico bizarro de publicações infindas e inúteis, antes de tudo isso, eu diga, simplesmente: você está demitido. Não tem informação, no mundo real, suficiente para qualquer análise puramente estatística. As variáveis estão misturadas. A resposta é teórica, e ponto. E a auditoria dela é histórica e comparada, institucional, e muito complexa; deveria ser feita institucionalmente, coletivamente, produção séria, moderna, e não essa palhaçada artística da inspiração do intelectual X que vocês amam e que fica produzindo essa ciência barata, charlatã, com todos os ares, com nenhuma sistematicidade, com nenhuma racionalidade, com nenhuma utilidade em termos de construir o mundo certo. Seus idiotas.

Enfim, quero nesses próximos 1-2 anos me aventurar na macroeconometria, aprender a fazer esse debate a sério e não com base em fantasmas, mas é isso, sem muita ilusão das respostas que podem sair da máquina. Cara, vocês estão drogaditos com ópio, vocês ficam masturbando a ideia de que a matemática é a panaceia, quando não é, não tem solução fácil! não tem cheatcode porra, a economia é histórica, institucionalizada, e muito difícil de interpretar caralho. E vocês rodando modelinho americano, ah vai se fuder. A historiografia tá que é pura lacuna, as séries de dados ninguém padroniza, e a galera gasta tempo apresentando mais um paper que diz que político é safado. Porra. Vamos trabalhar a sério gente. Matemática, em seu lugar. Eu amo matemática, uma ferramenta linda, mas não consigo chegar a usar, porque todos os que veem nela Deus gozando deixaram/apagaram todo o trabalho que deveria ter sido feito antes de usar a matemática. Enfim. Sou muito chato mesmo.


Minhas 3 ideias não publicadas

Ler (sobre) Keynes me dá... inveja. Politicamente influente; carreira acadêmica brilhante, irretocável - iniciada com um tratado filosófico - estilo de escrita elegante, convincente. Cá comigo, me concedo... lentidão... talvez abandonar amargamente os sonhos de grande contribuição... Preciso fazer análise para me entender melhor com a gazeta - hoje não vejo mais nela nada de interessante! (Contratar Letícia, pagar todo o IR que for necessário; ou parar com a ficção de dar lucro, e acabar com a participação de vidi-caru... Afastar-me) pois hoje todo meu interesse está, ainda na administração pública e no debate acadêmico. (É que mesmo a gazeta se financiando e tudo... nunca vai me dar nome. E não transforma nada... Não sei que objetivos devo tomar... cansei. Instagram eu não topo, ficar no papo conjuntura - a nível superficial - tô fora... maniqueísta...) A gazeta... está abalada com minha descrença na mmt, que impõe o desafio urgente de se pensar um "desenvolvimentismo fiscal" (independente de saúde/educação; social/ambiental)(A necessidade teórica/política disto não está sendo bem colocada!) e uma reabilitação do funcionalismo público, insulado? tecnocracia x democracia e planejamento... Fazer da gazeta um espaço para colunas? ou, ver os jornais em que os amigos publicam as mesmices de sempre, e enviar textos manifestos? Escrever artiguetos de opinião em meios de comunicação consolidados (uma construção ao longo dos próximos 4 anos)

Comecei a escrever essa digressão, para falar dos meus textos inconclusos - de literatura, e de filosofia. A metafísica pesada do materialismo geral; antes o ensaio sobre meios de comunicação e poder na manualia; ou os debates de anarquia e autogestão... Queria publicar versões simples na usina. Sem drama, sem rever tanto, só expressar a antiga ideia; pontuar. Ao lado, toda a poesia e textos curtos que escrevi, alguns com grande graça; que se perderam esmagados pelo projeto da economatopeia... ficaram à margem: a sede do peixe. Não são nada de mais, mas eu bem queria publicar. E os poegramas!

Hm... sobre o materialismo, tem o novo trabalho de 2023 iniciado um grande fluxo poético-metafísico (além de vários recortes-coluna albatroz; e do experimento do 7 de abril de 2022), para além do ensaio tímido publicado

Sobre a manualia sim valia uma arqueologia das teses; que eu nunca propriamente entendi qual era: era uma pesquisa (se lembro, houve uma tentativa encaretante de fechar) - Havia uma (alguns marcos teóricos) história teórica do poder pelos meios de comunicação, e os abalos que suas revoluções de emissão provocavam... ao mesmo tempo que um ensaio sobre o potencial ontogenético do papel escrito; da edição (e sua facilitação)

Sobre autogestão... o texto publicado traz o mínimo, mas sem muita filosofia. E o elogio da faxina? Mas mais no núcleo, as ideias suco de edição, junto com Carlos? Um balanço dos experimentos... a noção de escravo da função - de volta ao colab? aplicar os 10 princípios à suco? Desenvolver os 10 princípios, em seu debate implícito sobre anarquia? (citar o quê, rodrigo nunes, avaliando o horizontal que se desmancha em tiranias do sem organização e um anarco individual, vs. a tentativa de erguer comunidade mas muito de olho nos focos de centralização?) - e o que seria publicar, tornar artigo para seminário acadêmico? um debate elegante... em revista?

+ katkafagia (datado) + viagem com jo (digitar) + diários cdd (digitar?)

...Se não publiquei tanto, também não é o caso das ideias terem morrido. Quiçá ainda germinem e voltem à tona para uma nova geração?

Tesouro Direto, liquidez e renda fixa

O TD é um investimento inteiramente seguro, e com liquidez total (D+1), rendendo a Selic, ou o IPCA + algo, ou uma taxa pré-definida (e ainda opções com juros semestrais e sei mais o quê); para fins de comparação basta dizer que rende pelo menos a Selic menos o Imposto de Renda (minimizado em 15% se deixar o dinheiro aplicado por 2 anos ou mais) e a taxa de administração da B3 (0,2% do valor investido ao ano, pago em 2x, a cada semestre). 

Mas não falam que - feita exceção ao Tesouro Selic, que é tudo isso mesmo - para os demais títulos a liquidez D+1 pode pôr a perder toda a segurança do investimento. O Tesouro IPCA + é especialmente volátil: se você compra um que vence daqui a 5 anos, mas daqui a 1 ano você vende, você pode vender por menos do que você comprou, isto é, perder um bom dinheiro! Claro que se você esperar até a maturação dali 5 anos, não perde nada. Mas para usar a liquidez D+1, você depende disso: se a expectativa de inflação muda, a expectativa de rendimento do título muda; se de repente passam a achar que a inflação vai ser na verdade baixa, ninguém mais quer o título e saem a vendê-lo, e aí o preço dele cai... e quando você vai vender, está muito mais barato... É até mais complexo, pois eles comparam sempre com a Selic, e se a expectativa da Selic muda, muda o valor dos títulos IPCA e pré. Só o título Selic que, como vai ser exatamente o que for a nova Selic esperada, não muda de valor. Então cuidado, se quiser liquidez, tem que ser TD Selic. (OBS: não analisei, mas acho que os títulos com pagamentos semestrais têm uma versão aliviada desse problema).

Dito isto, pra quem pode abdicar de liquidez, pegar parte da grana e abdicar de poder usar ela por 6 meses ou mais (ideal é 2 anos, para minimizar o Imposto de Renda), dá pra ter um rendimento bem melhor e ainda 100% seguro; dá pra ter um rendimento que, depois de pagar IR e sem precisar pagar taxa de administração, ainda é um pouco mais alto do que a Selic (e por isso bem mais alto que o TD que dá Selic -15% da Selic -0,2% do valor total)(na verdade, agora repensando, isso se deu nesses últimos anos - pandêmicos - mas antes da pandemia o bicho chegava só a uns 93% da Selic (ainda mais alto que TD, ma non troppo)). 

Abre conta numa corretora - eu testei a XP e a Nuinvest, e a Nuinvest dá de 100, é muito mais intuitiva e tem produtos melhores. Vai em Renda Fixa e compra LCI/LCA (isento de IR, então pode ser qualquer prazo) que pague a maior porcentagem do CDI (que é uma taxa praticamente igual à Selic por definição), ou um CDB/LC (preferencialmente 2+ anos pra pagar só 15% de IR) que pague a maior porcentagem do CDI. Com isso você está emprestando pra um banco qualquer, em vez de emprestar pro governo (como no TD), mas é 100% seguro por conta do FGC - um sistema de seguro gerenciado pelo Banco Central. Eu já tive que usar o FGC e funciona, não dá trabalho nenhum, a Nuinvest te orienta do que fazer pra acompanhar o processo. Para quem tem bastante grana, só precisa tomar cuidado de não emprestar mais de R$ 250 mil pra cada banco, ou botar mais de R$ 4 milhões nesse esquema, que são os limites de cobertura do FGC - valores bem altos, então tem bastante margem pra usar o negócio. No mais, é isso, não tem mais muito mistério; sugiro não comprar prazos muito maiores do que 2 anos, pra ir acompanhando o mercado conforme o passar dos anos; não sei se sugiro comprar títulos indexados a ipca ou pré, acho melhor ficar só na taxa CDI mesmo. E é isso.

Uma breve história da América Latina

Que bom estar lendo algo tão geral, que traz alguns eixos maiores da situação como um todo! É claro, tudo que conheço melhor, acho tratado de maneira simplista. Mas é uma leitura tão rápida, como um grande artigo da Wikipedia. 

Ler das independências e todo o debate liberais e conservadores, absolutistas e republicanos, a necessidade de uma legitimidade na soberania popular - tudo isso emendou tão bem com minhas leituras de há duas semanas, quando eu divaguei pelos contratualistas e o debate do século XVIII, com a poderosa Inglaterra e seu parlamento, com a Revolução Francesa... Retomar o embate da imposição da Constituição na Espanha e em Portugal, a criação dos parlamentos; aquele velho debate do Lynch de saquaremas e luzias, liberalismo oligárquico e monarquia progressista... 

Me chamou a atenção: chamar de sociedade corporativa; a união com a Igreja em um continente onde não chegou a Reforma Protestante e se manteve uno no catolicismo, com os Patronatos Reais da Espanha unindo política e religião. 

Guerra dos 7 anos (1756-1763)(Cuba, Flórida) marca a decadência espanhola e ascensão inglesa. Na verdade é um evento bem complexo, valia olhar no detalhe...

Pré-independência: No fim do XVIII tanto o Marquês de Pombal, como as reformas bourbônicas na Espanha, racionalizam e centralizam, afastando das elites crioulas; subordinam não só ao rei, mas ao Estado-Nação metropolitano, com privilégios. 

Independência: Invasão napoleônica vs. Juntas eleitas para administração, fase "autonomista" de assunção provisória do poder, apenas reformulando o vínculo. Assembleia representativa espanhola em 1812 Constituição de Cádis (convidando colonos para as Cortes, estendendo o voto como forma também deles ratificarem o poder, 64 dos 300 (20%) deputados) liberal nos direitos (tributos a indígenas, trabalhos forçados, inquisição), monarquia constitucional, mas fortemente centralizadora. Restauração 1814 rei anula a Constituição e reprime a colônia especialmente Venezuela e Argentina - Bolívar (confederacionista) e San Martín (centralista, defensor de uma monarquia) que vão liderar se encontrar no Peru pró-metrópole. 1820 na Espanha impõem novamente a Constituição. Qual a forma constitucional adequada? Será preciso "plasmar" o povo? Tínhamos um povo, ou um vulcão? que se recebesse direitos, explodiria?

México é bem confuso o que acontece, independência muito conservadora, Miguel Hidalgo e exército camponês, medos da revolução do Haiti, Plano de Iguala 1821, Iturbide conservador.

EUA 1823 enunciam Doutrina Monroe (américa para americanos) que será presente no México e no Caribe.

Pós-independência: instabilidade política (só se instaurava quando se reproduzia algo como um rei) e estagnação econômica (sem comércio externo, sem impostos). Liberais e conservadores eram todos elite crioula, com muito em comum; a posição sobre a Igreja os opunha mais fortemente. Período de introjeção rural em meio à estagnação externa.

A primeira onda constitucional foi mais liberal federalista; letra morta. A segunda onda foi mais conservadora, inspirada na Constituição de Cádis, ou no modelo napoleônico, mas também foi fraca - exceção à Venezuela, Chile (autoritário Portales com constituição de 1833 inspirada pelo teórico Bello que duraria até 1861) e Argentina (Buenos Aires sob ditadura de Rosas 1829-1852). Caudilhos México (López de Santa Anna napoleão do oeste muito poderoso 1830-50 falhou a reprimir a Revolução Texana de 36 que culminaria na guerra 45-48, Califórnia Novo México Colorado Arizona), Paraguai (Rodriguez de Francia isolacionista até 1840), Guatemala (Carrera) - "patrimonialismo", "carismático". 

Escravidão se desfaz logo em México, América Central e Chile (onde era marginal), seja pela dificuldade do tráfico, seja por recrutamento negro para as Forças Armadas. Liberdade indígena "modernizante" por vezes os levava para situações piores e causava reação. Livre comércio inglês, abre oportunidade, mas endividamento e destrói manufaturas mexicanas.

Confederação Centro-Americana 1823-1840. Gran Colômbia até 1830 (Venezuela e Equador). Vice-reino do Peru (Chile e Bolívia). Províncias Unidas do Rio da Prata (Paraguai, Uruguai). [ mas pensando por outro lado: se mantiveram enormes a Argentina, o México, a Colômbia! ]

Meados XIX: nova geração intelectual, retomar o impulso original, sem romantismo. Contra Igreja pelas riquezas e muito pela educação e funções de administração (no México pesado, Benito Juárez vs Igreja e extinção das comunidades indígenas, Constituição de 1857 - guerra, imperador mexicano dura 3 anos vs apoio EUA Monroe). Teoria política conservadora Alamán, Bello (que influencia constituição Chile), e liberal Alberdi, Sarmiento, Bilbao, Lastarría. Ideia conservadora da missão pedagógica, liberal do transplante cultural... [ me ocorre o interesse pela "monarquia federativa" (se é que o oxímoro não denuncia a ilusão) ]

Progresso fins XIX:  crescimento e estabilização política moderna, generalizados. Argentina à frente (muito exportador carne/cereais, quase colônia britânica), México Chile e Brasil; atrás Gran Colômbia e Peru, América Central. Período de centralização militar (profissionalização via missões alemães e francesas); administração fiscal, judiciária, educacional (censo, dados, estrutura pública); meios de comunicação. Milicos desempenham várias funções de racionalização e ganham auto-imagem. 

Globalização (navegação a vapor e trens), periferia primário-exportadora integrada, ganhando investimentos de infraestrutura [ o livro faz o debate anti-neocolonial parecer entre os teimosos de má-vontade, e os razoáveis. Aliás, também irrita como trata crescimento como algo inerentemente progressista, que apaga os traços primitivos: é dualista, evolucionista ]. 

Crescimento populacional, urbanização (concentrada), terciarização (classes médias - comércio, administração pública, bancos, escola, exército), início de industrialização (e núcleos proletários reprimidos). Imigrantes: pelo seu conhecimento técnico, pela sua cultura/ética capitalista, pela sua raça. No México e no Peru, apenas elites empresariais/comerciais de Espanha/França; imigração maciça para Argentina e Uruguai (população se multiplica muito no XIX, ~metade imigrada), Chile e sul Brasil (São Paulo).

Oligárquicos? Sim, mas também "essa era a política no Ocidente antes do advento da sociedade de massa: exercida por notáveis abastados; violência corrupção e fraudes eram comuns também na Europa". Repúblicas oligárquicas, conservadoras (Constituição eram pactos na elite, eleições ficcionais) - mas havia muita mudança em curso, nas bases.

O Positivismo converge liberais e conservadores, pela racionalização/progresso e pela crença na sociedade orgânica (com lugar para elite comandar, corporações, Igreja) [ fiquei querendo saber mais sobre positivismo, saber mais a fundo ] alimenta a tradição antipolítica.

Guerra Paraguai 65-70 - estava lendo que o Brasil quase não tinha exército desde o 7 de abril - mas tinha esquadra que foi decisiva. E que neutralizou a aliança com o Uruguai, depondo o aliado paraguaio - a guerra inicia com o Brasil invadindo Uruguai. Já a Argentina era uma colcha de retalhos, confederação, mas a província de Buenos Aires consegue unificar e enfrentar a guerra.



(parece no Paraguai que o país era a parte leste, o resto arredondado do oeste é só terra)
Já a do Pacífico 1879-1883, as fronteiras eram sim maldefinidas desde antes, com minas de salitre na área; Peru perde aquela costa também, tinha pacto com Bolívia, ambos ainda desorganizados ante o Chile eficiente. 

México: Porfirio Díaz regime 1876-1910 conservador Igreja latifúndios, toma terras indígenas, reprime anarquistas nas minas, modernizador atrai investimentos, ferrovias, boom demográfico, positivismo.

Argentina: partido autonomista nacional, pacto entre oligarquias com hegemonia de Buenos Aires, positivismo... mas sobretudo muita imigração, homogeneidade étnica e cultural [não fala do massacre de índios] e integração com Inglaterra; elite arrogante sobre a AL; parecia se conduzir naturalmente à democracia.

EUA: intervenções a partir de 1898 Cuba (emenda Platt permite intervenção) e Porto Rico em guerra contra Espanha, demarcando nova era, Panamá 1903 (para canal de 1914), prossegue no Caribe e na Am. Central protegendo multinacionais agrícolas e mineradoras + propaganda cultural/protestante: 1904 corolário Ted Roosevelt à Monroe, direito de intervenção. Tudo isso alimenta a hostilidade do nacionalismo AL (como José Martí, cubano, positivista, liberal, pró-mestiçagem, admirava EUA mas defendia a "segunda independência" da AL)

Século XX: Primeira Guerra faz soar o alarme simbólico (modelo de civilização positivista) e prepara o econômico (demole exportadores, impõe fornecimento industrial, evidencia vulnerabilidade, traz inflação) Grande Depressão colapsa esse cenário e alastra onda de golpes de militares. Nada difere da Europa. Passagem pra sociedade de massas, para os conflitos que o progresso trouxe, vs. incapacidade dos regimes de ampliar suas bases (setores médios, elites insatisfeitas, partidos com a questão social fortes nos setores-chave), acusavam agentes infiltrados (defensores da apolítica) - e o liberalismo perde legitimidade frente a: nacionalismo, organicismo, incorporados nos militares. Reações autoritárias ou populistas. 

Peru: APRA (aliança popular revolucionária americana criado no méxico 1924) luta vs EUA (com suas mineradoras no Peru) se difundiu na área andina, defendia indoamérica, terceira via (populista) (só chega ao poder me 1985)

Uruguai arrumadinho reformista, árbitro, consegue se modernizar sem explodir conflitos (sistema de Batlle y Ordoñez) até os anos 1970.

México: Francisco Madero concorre às eleições, empunha armas ante a fraude, Porfirio se exila, Madero não segura o poder; general Victoriano Huerta toma o poder; mas no norte o exército constitucionalista de Venustiano Carranza, com apoio de Pancho Villa (caudilho) e do pres. Wilson (!) e o sul zapatista campesino, que depois de acabar com Huerta ficam disputando - até Constituição de Querétaro 1917 liberal, anticlerical, princípios sociais e nacionalistas (propriedade bens subsolo e reforma agrária) [ o livro não fala de marxismo ]

Modernismo vs. positivismo. 1900 ensaio Ariel de Rodó manifesto do nacionalismo antimaterialista, Modernismo de Rubén Darío... tanta coisa conflui num nacionalismo genérico; busca interna de origens e identidade (mítica), necessidade de forjar cidadãos (já que já há Estado), indigenismo, mestiçagem, raza cósmica (José Vasconcelos), espiritualismo, catolicismo (!), primitivismo (Mariátegui e comunismo incaico); nação comunidade orgânica (vs. cosmopolitismo, imitações) estudos etnográficos, reconstrução de costumes

Argentina: golpe 1930 põe fim à democracia, reação ao conflito social crescente e às ideologias revolucionárias, aos partidos majoritários (radicais) sempre monopolizar o poder e se dizer a identidade da nação.

EUA segue de intervenções militares, trinta, algumas de longa duração (Nicarágua onde mataram Sandino que se opunha a eles, Haiti), seja para proteger interesses, pôr fim a guerras civis, United Fruit Company; o pres. Wilson fez com intenção paternalista e pedagógica (mas sempre expandindo o comércio e abalando os europeus) ... alimentando hostilidade.

Paraguai e Bolívia: guerra do Chaco 1932-35, Bolívia quer acesso ao rio paraguai para ter saída ao mar, paraguai não quer perder mais território do que já perdeu pra argentina... e tinha petróleo (ou indícios) na região.

Os anos 1930: Depressão teve impactos curtos, as economias logo se reerguem - se afastando do modelo primário-exportador e do comércio, abraçando intervencionismo, protecionismo e indústria (como faz todo o mundo) na substituição de importações dos bens de consumo mais simples.

Imigração interrompe até por restrições, a não ser a onda de refugiados da guerra civil espanhola (méxico); mas a população se expande por natalidade e redução da mortalidade (especialmente países mais avançados). Mas migrações continuam, êxodo rural, e favelização; não são novidades mas aceleram muito (30% urbano Argentina Chile Uruguai, 15% México Brasil Colômbia Peru - e correspondente alfabetização - ou seja continua campo autoconsumo miséria vs. grandes latifúndios da exportação - e o campo vai se tornando cada vez mais palco de revoltas)

Estudando investimentos

Coisa boa estudar investimentos. Arrumar minha planilha para calcular o rendimento médio, parece bobo, mas faz muito tempo que eu já não conseguia extrair essas informações simples do meu portfolio. Ter feito isso me permite pensar, me permite ficar curioso de olhar o comportamento... A base está bem construída, e como eu já executei minha estratégia por um bom tempo, tenho algum histórico de oferta de títulos... Isso seria o ideal, ter o histórico de oferta de títulos da Nuinvest... Tenho apenas os que efetivamente comprei.

Sigo tentando decifrar as sutilezas da renda fixa. Não sossego de ter coisas que não entendo bem, de que apenas nessa opção taxas longas e curtas, pré, ipca e cdi, já há tanta estratégia envolvida. Se não domino esse básico, como posso seguir para a renda variável? Que, na verdade, parece mais "fácil" - e trabalhosa - entender um setor e apostar nisso e pronto?

Sonho vago de, como Keynes (e até o Sraffa também), entender de maneira tão profunda, que isso ser útil às aplicações financeiras; tornar-me tão macroeconomista, que me tornar um bom investidor - e que isso auxilie na própria teoria. Tirei agora o Rei de ouros no Tarot.

...Será que sigo lendo o livro de clássicos, nessa pegada filosófica, abstrata? Queria dar um rosto ao Stuart Mill - meu deus eu só me interesso pelos liberais anglófonos (Locke, o Federalista)! E daí olhando o livrinho fico curioso de Kant e sobretudo Hegel (ao ver o Lynch citar bastante o "hegelianismo", e também por interesses amplos na noção de dialética). 

Será que futuramente, em meio a mil pendências, eu consigo parar para ler um clássico desses? Como é uma pílula pequena (poucas páginas, poucas horas), talvez a superposição de tantos clássicos juntos dê mais liga - um argumento a favor de fazer um intensivão agora.

Ao mesmo tempo, me causa inquietude, ficar lendo essas pílulas de clássicos, sem aprofundar, sem saber se vou ter tempo para fazer muito mais daqui a pouco. A Gazetinha "não pode" me lotar esse ano. Mas tem doutorado também, e trabalhos com Pinkus, para dizer o mínimo.

Chegou aqui meu livro do Weber, que estou vendo como uma boa introdução ao estudo do Faoro... Que seria um grande estudo sobre a história do Brasil, coisa que eu queria.

Estive aqui pensando que deveria fazer resenhas (como fiz no curso de Macro I) comentando os principais pontos do que leio, copiando citações importantes, e fazendo digressões sobre as minhas ideias e sentimentos com relação ao texto. Aqui neste blog.

Agora a dúvida:

  1. Ler (e resenhar) mais clássicos? Tocqueville, Kant, Hegel, Stuart Mill, Freud? (parece uma grande dispersão)
  2. Ler (e resenhar) Weber? (com Leo)
  3. Ler (e resenhar) Faoro? (com Leo)
  4. Escrever artigo do RJ? (o ideal que eu vou fazer esse ano)
  5. Escrever artigo da Dívida? (algo que quero muito, e é comprar encrenca com o GESP e Pinkus)
  6. Estudar sobre investimentos...? (isso eu pedi dicas ao Leo)

Hoje é 6 de janeiro e eu já estou nervoso de não estar escrevendo o tal artigo. Ler Weber começa a parecer muito aleatório, ver essas aulas... Ao mesmo tempo, é uma coisa rápida, em 1 semana já terá sido feito; e sobretudo é uma coisa que não me exige muito. Mexer no tal artigo é que é coisa braba.

Cartografia do pensamento político brasileiro (Lynch)

Foi bom ler para situar as escolas, e a própria ideia de que o campo da ciência política é um campo em construção. Não à toa tão diminuto no passado, muitas vezes restrito a idiotas e quase nada. E de fato agora bem mais elaborado. 

Senti falta de uma cartografia do pensamento econômico brasileiro! Meu campo parece tão aguerrido em disputas totais, tão embrenhado em política; tão sem esforço de ciências humanas, de autoconsciência; tão sem metodologia de verdade, perdido em tecnicismos parodiando ciência exata... 

Ideologia seguindo Freeden, mapa para orientação, identificador do grupo, programa de ação, tradição genealógica. "conjuntos de ideias, crenças, opiniões e valores que exibem um padrão recorrente; que possuem grupos significativos como seus portadores; competem pelo fornecimento e controle das políticas públicas, com o objetivo de justificar, contestar ou alterar os processos e arranjos políticos e sociais de uma comunidade política".

Faoro segue a tradição hegeliana de ideias políticas desencarnadas, perspectiva essencialista, e tão eurocêntrica de descartar nosso liberalismo por completo, não temos pensamento político apenas hipocrisias...

'Nosso estilo periférico: (1) pouca generalização (sem alcance universal), maior sentido prático; (2) argumento de autoridade, prestígio dos estrangeiros; (3) filiação a escolas estrangeiras (ignorando as genealogias internas); (4) moderação, diluição dos extremismos; (5) prospectivo, o futuro é o lugar da redenção, desprestígio das tradições; (6) importação de instituições e projetos; (7) pedagogismo, para criar a cultura necessária às instituições transplantadas.'         (O pedagogismo me bateu que é bem a Gazetinha)

...Mosca se opunha a toda forma de utopismo...

...processo histórico: teleológico x contingente

  • ISEB, Jaguaribe, Guerreiro Ramos
  • IUPERJ/IESP (Wanderley, José Murilo; Renato Lessa) - Marcelo Jasmin, João Feres Júnior com contextualismo (Skinner) e história dos conceitos (Koselleck) contra hegelianismo. IESP mannheimiano weberiano
  • USP lukacs Antonio Candido, Gildo Marçal Brandão
  • Nunes Leal (e Temístocles Cavalcanti) vem da ciência política francesa pós-guerra Burdeau e Duverger

  1. José Murilo: História intelectual no Brasil, a retórica como chave de leitura (2000)
  2. Luiz Werneck Vianna (gramsciano) 1991 - "americanistas e iberistas" (revolução passiva entre liberal e comunitário); 1999 "Weber e a interpretação do Brasil"
  3. Gabriela Nunes Ferreira (USP) Centralização e descentralização no Império: o debate entre Tavares Bastos e o visconde do Uruguai (1999)

Mas voltando a reclamar da economia. Afinal esse keynesianismo todo, ou a defesa do livre-mercado e todo o papo Public Choice, Buchanan... envolvem fortes teses sobre o Estado! E tratamos o funcionalismo público e as instituições estatais como algo exógeno, simples... Sendo que na prática o debate gira muito em torno desse desenho, mais do que das suas possíveis consequências! De novo, na prática o economista mexe muito com direito... e requer muita ciência política...

Burke

Lendo Edmund Burke (em um pequeno livrinho de "Clássicos da Política" organizado por Weffort, com professores da USP), o conservador liberal. 

Gostei da sua defesa da autonomia do representante em relação aos representados. Parem de papo de democracia direta. Traz a ideia do bem comum, e ainda que envolva democracia e voto, tende a uma coisa mais totalitária? Não entendi como essas coisas se coadunam. Se o parlamentar vota independente da opinião do povo...

Gostei da defesa da tradição, uma postura reformista/incrementalista que defende o legado, as heranças que temos. Não jogar fora tudo que herdamos, conseguir amar o próprio país, conseguir entender seus pontos fortes.

Como invocar a tradição nesse Brasil que odeia seu passado? Um ódio baseado em abstrações, ideais ingênuos, muito anacronismo, que não reconhece mais o valor de nada. Numa palavra, ideais que não são democráticos, posto que a tradição é também um contato com o comum, e afastar-se demasiado dela é perder-se em nichos particulares.

"Não teríeis preferido considerar a França como um povo de ontem, como uma nação de canalhas servis malnascidos até o ano da emancipação de 1789."

Me surpreendi gostando de seu ataque à igualdade abstrata, que ignora as desigualdades "naturais"... Parar de tomar como dado o dogma de que toda desigualdade é erro e deve ser limada, que não há hierarquias justas...

Rousseau

Como Rousseau é chato! Parece mais uma evolução retórica do debate, do que realmente um passo conceitual. Eu gostava da frase "l'impulsion du seul appétit est esclavage, et l'obéissance à la loi qu'on s'est prescrite est liberté" - deixar-se levar por apetites e paixões momentâneas é escravidão, a liberdade é obedecer à lei que prescrevemos a nós mesmos. Taí a frase original já é meio truncada, não inspira. 

Num sentido mais profundo, não sinto grande contribuição. O assunto todo fica num nível principista, muito tedioso (prolixo) e debatendo questões muito idealistas. Ok, estamos na filosofia política, e eu talvez tenha questões muito mais práticas de ciência política... Mas não haveria uma filosofia do voto, não tão idealizado? Do que são essas casas legislativas, em concreto, e como se haver com elas? Uma filosofia do que são de verdade essas instituições. Do que é a mídia e a formação da opinião pública? Do que são partidos? (e aí estou bem ciência política, querendo Pareto e Michels eu acho, teoria das elites...) O que é a necessidade de um Estado para o desenvolvimento, para a soberania nacional na disputa geopolítica, em meio aos conflitos de classe... Bonapartismo era interessante.

...Segui achando Rousseau prolixo e pedante, com ideias que assustam pelo autoritarismo. Depositar fé cega no Estado; o alerta contra o autoritarismo ainda não fora ouvido - o que impressiona, dado ser uma resposta às monarquias. Ora se o rei se diz portador da vontade geral...

Achei curiosa a sua divisão Executivo e Legislativo, onde a vontade popular só se expressa coletivamente nas leis, que devem sempre ser gerais; e tudo que for específico, particularizado, depende de um Executivo composto de magistrados escolhidos de alguma forma ao povo. Nestes tempos de Legislacionismo...

Um tanto sem objetivo, encontro-me sem objetivos. Férias da gazeta, do doutorado. Enfrento o vazio dos dias, e fica aquela demanda: eu deveria escrever minhas ideias. Para, apesar de tudo, ir acumulando bons escritos. Algo que daria sentido à vida, a uma vida mesmo sem tanto sucesso e reconhecimento: grandes textos, grandes trabalhos. Ir publicando regularmente várias ideias. Tomada a decisão, agora é pô-la em prática. Não deixar a gazeta tomar tanta conta, fazer meus próprios trabalhos. 

Digo isto, e estou furiosamente lendo, na diagonal, o famoso Rousseau. Reli de Locke e de Hobbes, e Montesquieu. Chego a olhar a bibliografia do curso, se não leio Mill e Adam Smith? Se não volto a ler Marx? Me interessava ler Weber e suas classificações. Puxar um fundo filosófico, um embasamento profundo para minha vontade de opinar sobre reforma política. Quero falar do Congresso? Então vou ler Do Contrato Social... e não achar tanto sentido nisso. Não valia mais estar produzindo? É bom só estudar, irresponsavelmente também - o problema mesmo é que estou achando chato, e por isso fico querendo pular e acelerar. Ler outras coisas... E não vou escrever nada? Pagar pedágios? 

Como ir germinando ideias, e ir ganhando a prática de escrever seguido?

Fazer colunas regulares... sobre temas chatos de conjuntura? É trabalho... Ou fazer pequenos ensainhos, sobre temas herméticos que estudo? Tendo ao segundo, mas resta fazê-lo... sem ter respostas.

Seguir, revolucionariamente espécie de caminho do meio entre utopia e conformismo sempre negando e se afastando, entediado, do radicalismo de meu gênio, ou do que eu sinto, emocionalmente, ele pulsando; assumir que sou sim fraco e evito brigas, e daí a vergonha mas vamos parar de tentar me mudar sempre, e assumir o que sou: enfrentar os demônios de lado, sem enfrentar no abismo nem ceder-lhes as costas, apenas colegas, não há uma hierarquia definida. Geometria nova que experimento ao assumir pinkus, ao passar no doutorado em último, ao abraçar Livi e uma gazeta "comercial", ao comprar a impressora hp. E sei que mais. Bom estar, sentir estar avançando nas questões. São percalços, mas não atoleiros; o caminho se mostra mais demorado, mas não impossível. Curiosa vida de pai, me lembra as fortes resoluções de meus trinta anos quando assumi efetivamente o fardo do tempo e pude me desvencilhar das sombras, dos fantasmas... Curioso momento. Faz tanto tempo não escrevo filosofemas, estou numa chapa densa de presente, um chocolate grosso de cacau, uma barra mesmo. Sem a maconha, sem a pressa toda da utopia.

Sempre tive o sonho de um método de investigação que prescindisse a visão do alto do editor e, apenas cá embaixo esticando o fio de uma inquirição, deixando impressas as perguntas e becos sem saída, eu chegasse ao final... (Mas o final se revela no meio, e a edição também é uma linha sendo esticada...?) (não há visão do alto? babel, tantas tentativas, e por todas elas chego; não por uma só - mas aí ergo babel? construo o vaso? entrego o sistema? - mas por que não? não prefiro o completo?)

história de uma subple

gostaria de ter anotado, para depois lembrar, as tantas lições deste período: e tecê-lo, extrair dele um fio narrativo, com que enfileiro nomes como personagens em uma história envolvente. levar o leitor (como num passeio) adentro de minhas memórias registrando aquilo que vejo: tanto aprendizado de fazer isto. e de reler e reler e aprofundar a escritura com todo os outros modos possíveis
encontrar M. como um grande encontro, com alguém que vibra uma energia que eu sinto ser parecida. na minha posição é muito raro, e sou coberto de estigmas - mas de minha parte sigo acreditando que estou vivendo a revolução, alguma forma de ação planejada e continuada, uma tendência permanente que imprimo ao mundo
hoje vendo as classes populares se pararem e quererem se linchar enquanto eu passo de helicóptero (era um taxi) e me entedio, vamos com isso, isso não tem nenhuma relevância) com meu nariz altivo de grão-fino, burguês, burguês ao inferno (é preciso simplesmente tomar consciência disso, não ficar negando, tomar consciência e atravessar ; reconhecer o poder e usá-lo
coisas que penso
M falando dos suburbios, itaoca, sao gonçalo (para marcela: magé é depois de itaboraí? e como é o aquario? (enquanto luciana sarcastica acida falando dos veleiros
historia de uma subple
falar de L como o centro: o subchefe, sua so-Çobralização
falar de S como o centro: o rei momo, o visionário (a depender de mim - falar de A)
falar de K como a insubordinação, o espelho da inveja a priori
falar de C como a aliança (e a rebeldia, o único que votou nulo)
falar de R a quem eu esperava me aliar
hoje a reunião foi boa de pensar pegar dados x interpretar dados x desenvolver software. isso foi K
historia de K: como eu o reprimi - os seus projetos do site, fui entrando como uma tesoura; propondo uma aliança subordinada a mim.
e daí à história de C em oposição: o subordinado, o obsessivo da subordinação: católico demais em oposição ao mini-maçom calvo de 23 anos, Miguel Pereira. L e Petropolis
e eles se ajudavam, alias
historia de J como o inimigo, e que continua hoje como um enfrentamento permanente, uma guerra de guerrilha sem guerra declarada. como no pacto que fiz com ele naquele "show"
ah, historia de B: tao dificil de conversar: uma aliança tão subordinadora: e quando me desmerece - e a relação com o desapego disto, mas a vontade da distância - sua parecença com a ideia de um imperador, de um poder moderador visionário entre as oligarquias de imbecis capazes
e minha (nossa) teoria de que não somos imbecis, e de que o planejamento está uma merda
hoje na reunião afirmando em meio a todas as criticas contra minha relação com mip, de que mesmo que eu não tenha alardeado "como deveria, como um adulto faz", eu tinha sim resolvido por mip o complexo de óleo e gás, e o complexo de infraestrutura, assim como um grande eixo do mar. e tinha preferenciado a complexidade: fui eu que levantei a bola dela. historia de A: meu processo de agora pedir para fazer a NT de mip, assim como recorri à G-LP/Alerj para inserir meu nome na cpi
o atrito inicial com o M.
a amizade com a M, que um dia me chamou a almoçar e era justo o que eu estava só na rua.
todo o calendário de almoços, marcar um junto, quando pensado em sua regularidade é realmente uma definição de ciclo; de ser; de existência real, contínua


//

excentricidades: estourar e desabafar detalhes pessoais de vitimização mesclados com muitíssima vangloriação em paralelo a uma produção de dúbio valor, sempre incompleta, crescente e proliferante mas jamais com alarde - como que crescendo pelas beiradas, formando alianças, se expandindo em um trabalho COLETIVO (este o meu ponto de vista) em paralelo, em suma, a uma produção quasi-anônima (uma pessoal difícil de quantificar, pois de alto multiplicador sistêmico) (ou de multiplicador anônimo, de invocar a voz da noite (a luz do vazio) a forma real (mas eu já sabia de antemão, era a matéria enformada, a matéria de vestido)

//

aquele texto do barthes então: a morte do autor
como a grande referência : escrever flertando com a voz do anular-se: descobri-la, o abismo (que seria então atravessar o nada e revelar o princípio genético.

- "a anulação da Dívida pela instauração do Direito: a criação de valor, decidida por uma canetada: sim, o dinheiro precisa ser criado, em um Gasto a fundo perdido, uma livre despesa, um G genético de doação dádiva gravidez geológica, jorrar da abundância em autopolinização"
deveria fazer doutorado em direito financeiro interfederativo (uma arguição jurídica de combate: a defesa da anulação da dívida como um ato fundacional de uma nova constituinte: uma refundação da lei segundo a soberania dos povos
voltar à chama originária da federação de povos, à teoria de não serem apenas deveres mas também (e sobretudo, e principalmente, em primeiro lugar) direitos
a república
7 de abril de 1831 a revolução republicana dos estados unidos do brasil
alias seria foda nesse doutorado ler mesmo a historia do 7 de abril, tipo entender a historia mesmo (e nao ficar com microteorias de 40 anos: apreender as tendências mais longas, mais eternas)
lindo começar esse texto dizendo "deveria"
pelo direito de dizer "deveria"!
devora
dizer
direito
devolve
divida
versus
divindade
duvidosa

ODE AOS 33 ANOS

- "é pela terra" (um mantra)
é porque eu encontro meu centro. estou gostando de ter 33 anos. e me encontro no mapa, a ponto de quando dizem: é para lá, vai para lá (isso não me desorienta).
É alcançar o poder, mas saber tanto usá-lo direito, que - neste mundo dos diabos - estar sempre infiltrado, sempre
Este mundo de hermes infernal
Está foda esse mundo. Ô aninho para fazer 33 anos
comemoração do não-sei o quê Brasil - no ano em que descobri não ser brasil ser terra
ser região
o ponto intermediário, o 33 (o primeiro primo de cada dezena, o 3 olhando no espelho)
e enfrentar o pêso de grandes massas pesadas me empurrando. e doer, mas também conseguir me manter ileso, passar vivo da passagem do titã de fogo, da massa de magma em navio transatlântico. esquivar o ácido.
jogar numa guerra, atuando, presente. o presente é cheio de armadilhas, que tempos são esses
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2
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Hoje fiquei tão puto no trabalho. Engraçado ter sido o dia em que estreei minha camisa "séria". Achei que iam me sacanear, me zombando "tá bonitão". Talvez eu já estivesse de antemão em guerra, puto: e hoje fiquei bem puto. Me botam na reunião caótica sendo que eu tenho que enfrentar os caras, procurando aliados e tentando urgentemente entender o que diabos é o principal - entender quem é realmente que vai fazer o trabalho que estou pedindo, entender qual o centro da questão. eramos 11 pessoas na sala, 2 da minha "gangue" versus aqueles 8 caras: é quase pressão populacional, imagina se eu estivesse lá sozinho? eu ainda olhei para 1 e para o outro, meus subordinados, procurando as forças enquanto intervinha (ou não) no embate entre as 2 equipes. (que relação maluca ser chefe, semana passada me designei explicitamente chefe para C: "nem ela que pediu, nem vc, e nem o seu próprio chefe (eu) querem que vc faça isso!"). o idiota do B fala "líder", não fala chefe. ele é um babaca em termos de criação institucional e fodase. essas pessoas que só olham para fora, criando algo bom para os outros - mas a unidade de produção delas é uma unidade ditatorial. são melhores que os inimigos do povo - os grupos que nos invadem, tomando a propriedade comum da República, tomando o próprio corpo e sua saúde com suas privações. mas são tiranos, e nesse ponto o que eu odeio neles é porque venho da filosofia anarquista.
Ah enfim depois da reunião, meu laptop ficar pirando e eu fazendo coisas, pressionando carlos, ficando mt atento com kleyton em encher-lhe de cobranças seguidas. depois de almoçar com carlos marcos e vanessa, e eu oferecer-lhes tangerinas - que grande momento é o almoço no "bistrô seplag". não gosto que L é a sombra de B "do nosso lado" mas ele virou totalmente B do lado de fora da sala do chefe. não vou sentar na frente dele quando nos mudarmos para o novo andar.
depois disso ir pra outra reunião que durou 3 horas, uma babaquice sem fim, SUPOSTAMENTE para atender nossas angústias - mas em vez de perguntarem quais são elas, o que achamos de todas as tarefas que eles propuseram (impuseram) que teremos de fazer - eles, que são grandes artistas, ligados numa macropolítica e numa macroteoria, sem tempo para se perder nos nossos "detalhismos metodológicos" - a ponto de que não entendem há tanto tempo as conclusões das ferramentas, mas continuam aumentando seus delírios sobre o poder explicativo...
ODEIO quando chamar "vai lá e 'roda' os dados". "roda aí o modelo" COMO SE TIVESSE MODELO. COMO SE "RODAR" FOSSE ALGO PADRONIZÁVEL. vocês realmente acham que a conexão quali-quanti se processa assim? não é óbvio que temos que estabelecer RELAÇÕES PESSOAIS DE TROCA E COOPERAÇÃO para que o produto seja um produto cooperativo? e daí vêm vocês instituindo hierarquias de equipes com produtos desconexos que servem de insumos para outras - e a equipe de dados sempre com um status de subordinado - ainda nos fizeram fazer entrevistas (eu me recusei) não como estrevistadores, mas como estagiários. em tudo nos humilham nesse trabalho - uma humilhação sutil, hierárquica - em nos atolar de trabalhos centrais. a subsecretaria-em-construção tem 2 projetos, um que depende da minha navegação e cobrança de outras equipes em transformação pela seplag para a criação desse site, e outro que é essa catedral quali-quanti em que eu tento dar a sustentação (os alicerces) quanti MINIMAMENTE e ainda querem, como se fosse nada, que eu faça críticas construtivas à matriz da alerj - enquanto eles se aliam ao IMBECIL do J que, convenhamos, nem vale a pena falar...
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o site: é um repositório de dados, com filtros. o painel é consequência.
ser criativo, criar soluções. Ser muito criativo. Tenho jogado um fogo de estar sempre presente, um inferno de atenção e criatividade. Até andei tendo coceiras essas 2 noites - acho que é a secura do ar (malditos tempos) e os banhos ultraquentes do banheiro a gás (hoje voltei pro elétrico, reinaugurando um banho mais frio - hoje voltei a pé e de bicicleta)
a velocidade está alta, conversando tanto com minha irmã, redescobrindo umas equações familiares e me movendo na política: com muita clareza, navegando a micropolítica. Estar com clareza, estar vendo o caminho, estar vendo o mapa e minha situação e mover-me nele conscientemente: estar na micropolítica, inteiramente presente e criativo.
ver o mapa, mover-me no mapa de estátuas, no cenário de obeliscos: as equações de significados (concretos e seus ecos umbilicais) por onde se expressa a desejação da matéria
ver o mapa como ver as estrelas. encontrar o óbvio, ver, ver simplesmente
eureka
tenho sentido muito o poder arguto da minha visão. e tentado não me assustar com esse lugar, mas simplesmente me manter aqui, calmo. é uma fase
é um momento brilhante da minha idade, a luz sai de mim
em tempos de grandes ebulições. que tempos de guerra
viver a vida voltando e revoltando volumes de luz massiva
x

Como ser otimista neste momento?

Em primeiro lugar, vamos apostar no imprevisível. Quando todos nossos raciocínios lógicos vão concluindo que nada mais adianta, e que o caminho para o fim é certo... Lembremos a lição maior, que esta crise nos traz, implícita. Não controlamos nada, não sabemos nada, somos folhas atiradas ao sabor do vento em grandes sopros do que não vemos.

O futuro é imprevisível. Não sabemos onde vamos. Se tudo parece indicar o mal, nossos olhos são tão curtos, e se avistam algo, há tantas esquinas que inda vamos dobrar. Não sabemos onde vamos.

Em segundo lugar, porque é o que nos cabe. Só a alegria é séria; só a alegria é uma postura séria que abraça a realidade em seu desafio. A tristeza é tentar fugir, tentar negar, tentar não-ser; lamentar por um mundo que não existe. Só a alegria aceita o desafio. Em todos os momentos,

Da lua e dos planetas

Estranho foi descobrir que a lua também não tem pólo sul. O navegante igualmente se conecta no vácuo; apenas ali ele floresce no espelho solar.
A lua é um afloramento no tecido celeste: esta membrana conectada nos confins do pólo sul, , e sustentada pelo pináculo elétrico-magnético do pólo norte, centro da terra.
Pois também júpiter é espelho do sol: assim como a terra. Que para além do espelho é o inóspito do vácuo: esse breu para após o pólo sul, fora da gravidade boreal.
Júpiter imenso - gordo - rasgando o mapa celeste com sua faísca; júpiter que possui suas luas e saturno de anéis. Espelhos do sol
Deve dar pra ver as fases minguante crescente em vênus e mercúrio; em marte mais difícil e júpiter saturno mesmo... impossível, estão em órbita muito superior.
A força da estrela cadente pesada, lenta, incendiando a abóbada até pousar no horizonte.
Horizontação do olho em sua membrana aquosa chamada céu dos olhos como estrelas
O desenho divino, divinatório
A luz é curva, o espaço sideral tem um "chão"; a matéria emerge, aflora no éter, movendo seus longos dedos: os planetas

O que falta, na bailarina?

Está tudo lindo. Ruínas tomadas pelo mato, mas vestígios por toda parte duma ação continuada de mãos. Mãos e suas artimanhas de aranha. Mãos ardilosas, que desenham figuras, ou melhor, que as esboçam em erros muitos: abundância de ruínas cobertas de musgos e sempre postas em composição: imenso jardim de ruínas, composições de ruínas e mato ou melhor: a luz atravessando as folhas em meio ao sombreado da folhagem; o barulho distante dos pássaros...

De noite, são pássaros ou estrelas, aqueles pontos distantes? Que irrupção da beleza pura e simples é essa na natureza: a natureza também faz figuras? Pois são lindos os pássaros e seu canto é sobretudo lindo.

Estrelas que delicadamente existem num desenho fixo, eterno. Os desenhos naturais.

Comer insetos como quem come o que não existe ou come o que só existe para si (e para ele mesmo); deuses que se manifestam como insetos: deuses maus ou, no mínimo, inclementes. Fôssemos guerreiros, prontos à guerra simbólica de vida onipagã oninatural que é o que existe, poderíamos colher aliados entre tais deuses e os deuses pássaro e estrela - sair do culto do sol e seus reflexos azuis na lua.

Lua: o vermelho, a ruptura da pele. A noite furada por um mês de espelhos. Segunda-feira após o sol de domingo.

Opor para confundir: fundir. Transmestiçagem trismegista: trismegisto é como trigonometria: tríade conjugada, trímetra triângula trina trindade tripla, terceira. Terça-feira é marte iniciando o cortejo dos planetas porque entre as estrelas há aquelas moventes sub-luas, o céu é engolido pela terra e suas latitudes, um norte de bússolas e daí descemos

Eu desci ao Pireu

Sobre garrafas e pescoços

Frases, são como lançamento de mísseis. Reunimos a "turma" mental: o departamento analítico, o duplo-cheque de bom-senso, a memória, alguns homenzinhos meio deformados. A "turma" então se põe a calcular balística: 

O CORAÇÃO - "Sr. Cerebelo o que me diz da gravitação associada aos foles pulmonares da fala ..."

Era uma discussão complicadíssima, mas o lançamento foi feito: no meio da discussão, a palavra é tomada: e agora vejamos, frase pelo meio, o quê?

Onde essa frase vai pousar? 

Frases são tiros de canhão, que podemos atirar ao céu, ou em rotas conhecidas, nas cidades vizinhas,

- Meu deus, acertei o passarinho

"Que lua é essa, redonda, que você vê? Eu só vejo o plano, a lua é plana" - diz o passarinho, agonizando.

Frases são tiros perigosos, que podem estourar garrafas.

Garrafas são como foles, guardam e espelem: são como eu e minha "turma", sou um saco de roupas e tecidos guardando a usina de químicos: bem-vindo a mim.

A diferença, do passarinho pra garrafa?

"Garrafas têm pescoço, assim como eu." - diz o passarinho, soprando notas nas bocas de vidro.

Fichamento de le ver, démon et la vierge (maaike van der lugt)

Intro

Em primeiro lugar, tenho que me lembrar que são demônios, vermes, geração espontânea de podridão; demônios representados, que se incrustram nas mentes como erros repetidos ad infinitum

Tenho que tentar escrever sobre isso, sem essa escrita se tornar um ritual ininterrompível, um milagre ocorrendo: a criação

De fato, tentar escrever sobre isto invoca o mundo: escrever invoca o mundo, e um mosquito pousa na nossa mão, o celular toca: o mundo convida à dispersão

Mas sei bem do que estou falando (tenho a coragem para enfrentar, não tenho medo)

 

Início

A viagem é circular. A busca do início aqui se torna uma investigação sobre as “teorias do início” e a descoberta de um animado debate no século XI (no tempo das pestes e da fundação das universidades-ateliês desunificados, quando se faziam guerras longuíssimas (a dispersão de poder que caracterizou o feudalismo) e se inventou a imprensa... coisa que praticamente continuou até napoleão e a ascendência britânica no capitalismo industrializado e imperializado do globo, vivemos o fim dessa era posterior – dizemos que não vivemos um “renascimento”, vivemos uma morte, fim do mundo. Eis nossa teoria do tempo – como falar então da “idade média”? nós que ainda somos fascinados com a roma e a ascenção do cristianismo na Europa – mas enfim, assumamos a “verdade histórica”)

O livro então é um estudo sobre as relações entre teologia, filosofia natural e medicina; ajudando-nos a percorrer esse cenário, tão frequentado nos textos antigos.

1487 “um vapor negro da longura de um homem se levantava detrás da feiticeira” - era o demônio copulando. Isto está no “martelo das feiticeiras”, espécie de best-seller entre inquisidores e aficcionados. Como que essas páginas tão “barrocas” foram aceitas pelos seus contemporâneos? Como que, aqueles que hoje, olhando para trás, vemos como os antecessores dos cientistas – os que tentavam a medicina, e a biologia – se ligavam profundamente a debates metafísicos, lógicos, gramáticos; e a debates teólogicos...; e a debates demonológicos?

A ideia da “incubação demoníaca” na verdade foi gestada (se é que se pode falar assim) alguns séculos antes da inquisição, sem constituir o “ataque frontal à feitiçaria, ao sabá das bruxas e à igreja satânica” que a Inquisição promoveria depois. Era uma hipótese afeita às teorias do surgimento dos vermes, e da má-formação dos filhos: da sorte e do azar com os nascimentos. Não havia, então, a Biologia Teórica separada da Moral Familiar; devemos lembrar que as aristocracias soíam ter filhos degenerados, algo que colocamos na conta dos casamentos interprimos (e certa concessão ao incesto) que hoje são abismos para nossa moral canônica. Não entendemos a Idade Média, seja lá o que esse nome queira dizer. Dizem que toda hora acabamos de sair da Idade Média, que o progresso impera, que vivemos o terceiro tempo à beira do futurismo – onde antes reinara esse lento “amadurecimento” da humanidade, despertada nos confins da Antiguidade. Pilares básicos da concepção que envolve a ideia de Ocidente, a ideia de laicicismo no meio cristão do Poente.

Nossa separação Ciência e Igreja é uma construção histórica, na passagem das gerações de intelectuais em seus meios, escolas, academias, indústrias, sermões, discursos políticos, espaços de poder. Virilio: essa separação é um processo contemporâneo à emergência da Grande Mídia (cheia de poderes teocráticos sobre o que é a verdade), e da emergência da Grande Administração (seja “empresarial” seja “pública” seja o que for, a difusão das máquinas burocráticas como grandes rituais de obediência, a papelada...); contemporâneo à inauguração dessa autoconsciência moderna, ocidental, racionalista e vitoriosa no planeta; contemporâneo de revolução francesa e universalismo ao lado da industrialização de massas; do metro, da arqueologia...

Alguns “problemas” que vemos na Ciência de hoje e suas limitações, têm sua raiz nessas grandes separações antigas entre o Real e o Sagrado. (Latour)

“O problema da geração é, por natureza, um problema pluridisciplinar que concerne tanto os médicos, os filósofos e os teólogos; assim o foi na Idade Média”. Concerne os economistas também, fascinados com os bancos e o ‘dinheiro impresso’; há também a genealogia dos contadores e financistas por toda essa época, e suas usuras estéreis, a proibição do juro...

“A medicina se ocupa da gravidez e do parto, da esterilidade, das doenças reprodutivas e venéreas; ela tenta também explicar o mecanismo físico e fisiológico da concepção e o desenvolvimento embrionário.

Os filósofos “da natureza” (espécie de biólogos da época) se concentram, por sua vez, sobre essas últimas questões (os mecanismos da concepção, o desenvolvimento desde embrião até corpo) e as estudam na geração humana sobretudo no horizonte da zoologia; todos os seres vivos incluem-se na competência da Zoologia, definida por Aristóteles ao chamar de vida a alma.

A teologia, por último, se interessa pela geração em relação com problemas como origem da alma, transmissão do “pecado original”, encarnação ou concepção imaculada (veremos muitas outras).

Ainda que não as estudem pelas mesmas razões, não se concentrem sobre os mesmos aspectos e não chegam sempre às mesmas conclusões, suas discussões têm muitos traços em comum: se dedicam às mesmas questões clássicas, citam as mesmas autoridades, textos e opiniões; e aplicam o método de argumentação e apresentação.”

Devemos lembrar que este debate se dava através do método de ensino e produção e difusão de saber da escolástica, no qual a reencenação do debate é muito repetida (como se os bárbaros se agarrassem aos ínfimos grãos de lógica que se haviam reproduzido naquelas palavras, e os repetissem para que a Razão, acima deles, se visse lentamente estendendo seus braços (abrindo-se em dedos) pelo mundo: o conhecimento (conascimento) como a forma descendo à matéria, racionalizar, enformar o mundo). A questão é que as raízes estão crescendo, raízes ou veias? Estradas da alimentação mineração agricultivo urbanizado; É uma imensa placenta o mundo moderno, a fecundação da mãe-terra pela semente (do mal?): eis o mundo de hoje. Vai haver filiação, é claro. Passaremos do mito idade: a humanidade conceberá a sua concepção, adicionando-se, criança, à sucessão natureza-barbárie, futuro. Da origem longínqua, pela idade média, pela idade adulta agora no novo: passaremos do 3, para o 4. Sim, porque vivemos o império do 3 como inconcebível; o ponto de cruzamento entre os dois traços da cruz. A data zero, o início da contagem dos anos; a autoria; o ato fundante; o livro, o “está escrito”; a palavra profeta; a verdade revelada; o 3 da criação.

(ela me disse: a questão de afastar os demônios é importante, porque muitos se entranham no corpo, e ficam – são as dores. Sobre as “bads” e os medos “de delirar e perder a razão” que me acometem com essas leituras que, sinto, ainda são afins à minha pesquisa em economia – eu, que não vejo separação entre os campos “Arraial! Arraial!” não há cercas: "Vento, deus da paisagem") (na tábua de esmeralda: “o sol é seu pai, a lua é sua mãe; o vento o trouxe em seu ventre; a terra é sua nutriz e receptáculo”)

A evolução dessas categorias “científicas” ou pelo menos “lógicas”, que enraizaram-se no vocabulário daqueles homens durante seus “seminários” (semeamentos) de escolástica (herdada dos árabes e do oriente; sempre partilhada com judeus e todos que iam-e-vinham); a evolução de todo o jogo de palavras e do uso aceito que delas se tinha, utilizadas nos argumentos e debates em torno do “princípio de geração” em seus diversos contextos de discussão – esta evolução apoiava-se na discussão dos “limites” de tais conceitos. Como delimitar analiticamente as bordas, os critérios de diferenciação entre casos, através do estudo de casos limite.

Nesta arquitetura de “existências” (que depois será “empobrecida” na passagem para o mundo dos biólogos&arqueólogos) o milagre é só um caso extremo, mas existente, do acontecimento raro – já de todo modo bastante inexplicável – como o nascimento de fetos mal-formados, os “monstros”. Teoria do monstro. Teoria da grande doença, da grande podridão que nos ameaça. Teoria da morte.

As gravidezes miraculosas de Maria, é claro, mas também de Santa Ana e de Sara; a questão da existência da procriação no Paraíso; ou mesmo a criação de Adão e Eva (que podemos considerar como uma forma de “geração”, assim como toda a Gênesis aparece)

Os anos de 1220 a 1240 são particularmente fundamentais porque veem a tradução (do árabe) das obras zoológicas de Aristóteles; seguem-se nas décadas seguintes os nomes como Tomás de Aquino, e o surgimento de novas escolas de medicina escolástica (na itália)

A “escolástica” engloba a totalidade dos textos teóricos com alto nível de tecnicalidade, escritos para e por especialistas (se distingue das enciclopédias, da literatura didática, das pregações, da historiografia, etc.). Ela reflete suas escolas urbanas, universidades e conventos das ordens monásticas mendicantes; onde os mestres explicam (o verbo é “lêem”)  textos de autoridade (é a “lição”) aos quais adicionam comentários escritos enquanto acontece o debate – que também utiliza formas canônicas quodlibet ver a Suma Teológica de Tomás de Aquino – e daí às tradições de comentários, nas quais os “autores” da época, enquanto passavam a limpo novas versões dos “debates de argumentos”, procuravam dissimular sua contribuição (também para evitar a censura).

Não se trata, nesse livro, de analisar a evolução de ideias populares, entranhadas na sociedade; mas sim a evolução destas concepções do seio de uma pequena elite através dos séculos, no topo de onde seria edificado o edifício científico, e onde até hoje repousam as igrejas.

De há muito se conhece a influência da teologia especulativa na história da lógica e das ciências da linguagem; pouco até aqui foi dito sobre suas influências na biologia e medicina, as ciências da vida.

Para Santo Agostinho,... p16

 

Pois bem, bastando essas notas, o trabalho do livro já parece feito: vemos o parentesco entre as questões, reabrimos a caixa de pandora. Até aqui, tudo bem; espécie de interesse filolófico na origem do pensamento.

Mas o fascinante é que, na teoria dos demônios, estejam tantas respostas. E estamos tão desacostumados a frequentar essas paragens da metafísica, que bordejar o abismo ameaça o delírio (como falar de Merlin profeta? como falar da origem da doença, é vírus? que é a doença? que é o fim do mundo? como falar do oriente, como sair da razão (e talvez voltar))

A história do alfabeto está apenas começando.

Na verdade, o surgimento do digital nos ofusca o que é a função do meio.
O papel é simplesmente o antigo meio, e carecemos de nos lembrar o que é o meio.

A revolução no mundo do surgimento do papel e suas tecnologias, da escrita e o que ela permitia: desde obeliscos informando séculos de peregrinos a versão exata da pedra, aos assinados bilhetes com o sinete ducal para as tropas em guerra, até os vitrais e afrescos que traziam a imagem e a simbologia: meios, como a língua da voz, como o som de um bicho. Meios.

A mensagem – essa cópia, simulação do mundo, só de informes – senhas, caminhos, ordens dum sistema nervoso de pulsos – a comunicação pelo meio.

O homem manda uma mensagem de corpo para a mulher, e ela faz filhos. Daí Hermafrodita, Hermes-Afrodite. O homem é mensageiro mercúrio mentira, a mulher é venérea venal venerada vênus. Sem mensagens, o homem é a verticalidade; a mulher a horizontalidade. Na mensagem – o cruzamento – ele é horizontalizado, e ela verticaliza.

É que nos viciamos na simetria, sem perceber a desigualdade. Cada divisória aponta um dos lados como pólo atrator, o outro, pólo expulsor. A divisória mesma, ela é terceira; perdemos a simetria.
O homem e a mulher não são simétricos: como não são simétricas duas retas que se cruzam.
Horizonte e vertigem: do horizonte os corpos usinas árvores flores, a terra se abrindo em água. No céu a intermitente luz. As estrelas e cinco delas que se movem contra todas já tão quietas.

É preciso construir essa descrição como um rio que deságua no inexplorado. É justamente sobre isto: sobre o infinito. Sobre o infinito que achamos conhecer, mas só porque o julgamos finito. Como se soubéssemos dizer “infinito? É isto” e apontar o infinito.
Apontar a origem da linguagem, a origem do gesto de apontar, a origem dos gestos; fazer um gesto sobre a origem. Sobre a origem e sobre o meio.

O conhecimento e o meio

Se estamos certos, na doutrina matrilinear, no pan-paganismo (a ciência não é atéia, ela é a-pagã: ela oculta a origem) da universalidade do antropomorfismo metafísico; e os limites do patrilinearismo vulgar em abarcar a gênese e o infinito;

Tudo matéria de linguagem, toda a forma em que se comunicam as matérias – que também é de matéria, pois tudo é matéria, até pensamento entre orelhas – o que nela intuímos ou cremos ou acreditamos crer indiretamente no implícito: que não seja material; a alma, o espírito; o tempo; as ideias sonhos o amor, o terror, o vazio.
Felicitamo-nos muito de haver inventado um dia formas de dizer o zero, o vácuo, o vazio.
Confundimo-nos. A patrilinearidade, a deusa mensagem (no francês mensonge é a mentira) as formas do falso.
jamais deixamos o paganismo
aliás
não existem senão paganismos.

doutrinas teólogas
da filosofia do deus
só jogam espelhos

só existem paganismos
a alma inteira nas almas
o céu é dentro da terra

só existe o paganismo
multi panteatralidade teísta
a divindade pluriviva

de símbolos a diábolos
as luzes estão vivas
têm corpo, olhos

olhos nos olhos
o dia e a noite
o pai e a mãe

o pão e a mão
amor e a morte
o nu e o que viola

dioniso reencontrado
era apolo desde o início
o sol é feito de sangue

a terra dentro da terra
o sal alimenta
pelo paganismo
não como culto (ou sim)
mas como filosofia

martin

Solo cuando nos volvemos con el pensar
hacia lo ya pensado,
estamos al servicio de lo por pensar.

- martin

arqueologia pre colombiana

está bem (BEM!) o jogo cênico dos primitivos, mas e os medievos, os feudais ou mesmo os modernos, que impressionante eram seus líderes? seus... brujos.

90% das legendas do museu é: os monarcas da época abusavam de esoterismo para controlar os povos.

Queria ver discutindo o pressuposto. Ok há tumbas arqueológicas com um john e riquezas; e há relatos de caciques (?) nos tempos da Conquista mas... não há outras geometrias políticas que podem gerar tais túmulos pessoalizados e tais relatos escritos aliás por psicopatas do século XVI?
a linguagem poliniza
palavras são como abelhas

contra a economia

Pelo fim da economia.
Voltemos ao par autonomia e ecumenismo.

autoNOMIA
ECOnomia
ecuMENISMO

Já chega do ouro e seus matemáticos,
Façamos o império da mil-burocracia:
democrática-plutocrática-tecnocrática
mas sobretudo
AUTOcrática
autônoma de atores autores autoridades auto-economias

economia: é uma ideia ruim
nomia do oikos: é literalmente a "lei do patrimônioprivado"
a economia é o mando do lar  - essa usina-base da acumulação - em sua raiz agrícola, as estruturas fundiárias, as dinastias: a escravatura

pela AUTOnomia
a auto-LEI: a lei apropriada, a lei conforme,

e sobre esta, para não virar de novo autoritária
"Livre curso dos apetites também é uma escravidão
Somente a lei escrita, o acordo, permite
sermos realmente livres.
Liberdade será obedecer à lei que se escreveu para si mesmo
(Rousseau)

-

Economia?
Escolho outra Nomia
O Contrato Social.
Acho melhor do que estes seus papéizinhos numerados, me confundo se são ações ou votos, os vale-ouros-reais (parece uma carta de baralho, paremos com os jogos, fechem os cassinos, balbúrdia da loteria babel ).
Livremo-nos destas ideias e de outras paralisias!

retorno à Idade Média

a "Nova Idade Média"
- tese de que estamos retornando ao feudalismo bélico, bárbaro, brutal que sempre proliferou na história -
é alardeada como corajosa síntese conceitual,
e é somada cotidianamente a acusações/revelações de que:
- jamais saímos da Idade Média, nunca deixamos de ser feudos brutos e beligerantes da barbárie -

Mas o que foi? A Idade Média?
Senão uma profusão esquecida sob uma caricatura

*

e se a Idade Mídia já passou
e desde então perdemos contato, por milênios
mas ora estamos na reglobalização
remidiatização
aforismas:

a economia não é matemática: ela é matematizada.

a economia tem uma mecânica, uma física

fluxos mais ou menos operados através do Número,

- mas em toda parte vazando, escapando.

Poder de compra e de atração de riqueza,

- que se infla em papéis-cópias, e desalinha da própria distribuição de Número numerário feito de lastro-metal.

Numismática, a ciência das moedas. Numerificação do mundo, industrialização.

Errática circulação da moeda, em suas acelerações e ralentos, empoçamentos.

Contadores, contabilidade e os centros de cálculo e redistribuição jurídica
pois sim: limitados pela política-violência, ao sabor das modas-cultura, condicionados pela tecnologia-ciência:

o quê calculam?

direito de sangue materno

de uma corrente de mulheres transando com mulheres
e uma corrente de homens transando com homens

o cruzamento destas correntes faz bebê: é o sexo terceiro

*

umbigos são vaginas ao avesso.
se o cu é oposto da boca
umbigo é oposto do útero materno.

*

a vagina só liga
com aquele fiapinho de dentro das bolas, que jorra pelo pau

XX, XY
é o fiapinho que faz o umbigo vindouro ser
XX outra porta, outra vagina de onde saem umbigos; ou
XY um novo par de ovos de fiapinho (que é um beco sem saída na desumbigação vaginal dos corpos, mas, de novo, é o seu gatilho, o botão de ligar a usina)

*

matrilinear: a desumbigação para cima, linhagem do sangue
patrilinear: da faísca

A Carta Furtada

Nessa convivência com a violência, surgem esses hábitos curiosos, tímidos. Frequentemente, ao me imaginar assaltável, repasso mentalmente os meus pertences, esquadrinhando a bolsa, os bolsos, à pergunta se há algo de valor inestimável comigo.
E então vou elegendo - como criança a um melhor amigo, uma cor favorita - vem esta lista, a colocação: qual é o mais valioso que tenho comigo? Se o computador, ou celular, pelo óbvio? Ou um casaco muito bom e querido, um estojo; pra não falar numa gaita, um quebra-cabeça de madeira que eu mesmo fiz; um livro! documentos, sim, dinheiro cartão chave mas eis que me toma e os olhos arregalam da imensidão, da inestimação estimável: um caderninho!!! Precioso, meu precioso, cada vez mais prenhe dos meus rabiscos (a memória) tão querido em que amo me esfregar os olhos de novo e de novo e de novo... Que me dá alívio terminá-lo para parar de carregar tamanho patrimônio... Que mesmo então eu o tiro da mochila, do bolso e levo apertado na mão, exclamando: "Este, não levarão!"
havia uma imantação natural dada pelas roupas arrancáveis / pela nudez

dragões urinárias e cu-bundas sob cuecas-sungas-calças sob calcinhas-biquínis-saias

Aquilo, no corpo, sempre escondido dos outros e outras. E nosso acesso regular a banhos-urinóis-torneiras de conectar nossas corpos aos fluxos da água do água (cascatas-rios de chuvas de nuvens de mares: do vapor-orvalho, da humidade mofante, da invasão do seco; da fonte-chafariz de vida diante da sêde (o rompimento do silêncio, o oásis no branco

*

O mundo ao meu redor é um círculo de distâncias que terminam no horizonte. Este círculo, visto de cima, pode aparecer nos mapas (feitos das bússolas que apontam o centro dos ímãs, o pólo norte que é o eixo da rotação da Abóbada Celeste, a intuição primeira do Céu: o domínio dos astros Dia e Noite.)
Os mapas são feitos com lunetas, bússolas, cronômetros e rádios elétricos para se comunicar à distância. As fotos de satélite.
A Radiação-Irradiação elétrica é uma Novidade na história conhecida?
(...)
A fotografia de satélite foi primeiro alcançada subindo em balão, e vendo: medindo os ângulos do que dava para ver, medindo Gaia pela GeoMetria: leis matemáticas desde Pitágoras e as medidas harmônicas da música e os primórdios da Astronomia e da contagem das estações anuais.
(...)

O sistema de coordenadas x = y num espaço: a algebrização da Geometria Euclidiana não estava dada desde o início. Antes eram ramos distintos, independentes, e poder-se-ia até dizer: a geometria era superior à álgebra. Ramos da grande Matemática. A correspondência das equações X = y, com os pontos num plano geométrico, foi implementada por Descartes em meio a uma pesquisa sobre lentes ópticas e questões da física.
O metro foi inventado/implementado na Revolução Francesa (antes eram pés, polegadas) junto com o Litro e o Grama - uma velha demanda do partido universalista-iluminista (estamos falando das origens da tomada de poder do Racionalismo, da expulsão do Ocultismo.)

*

Todas estas questões Fundacionais da nossa compreensão conceitual do nosso corpo, de beber água, de desenhar um mapa e medi-lo pelo céu e pelas contas? tudo isto compreende a história da instituição de uma convenção justa, por vezes rompendo dinastias, heranças e herdeiros pela própria Guerra.
A História da Guerra, que inclui a guerra civil, a repressão, a polícia e o crime - e que deve ser contada, compreendida - é marcada pela contagem de corpos-trabalhadores, corpos-soldados, corpos-reprodutores e pela contagem de propriedades-comida, propriedade-serventes, propriedades-espaço e os Direitos de propriedade.
Dito isto, o funcionamento do mecanismo Patrilinear é digno de nota como Conceito Fundamental da reprodução natural das coisas.
Se, de todos os filhotes, eu castro a maioria dos machos, e o Reprodutor restante reproduz até nas fêmeas do vizinho, criando boa prole
e se nos mecanismos tradicionais de casamento havia uma tendência à concentração de famílias e gerações em poucos lares com condições de gerar e crescer a Prole; havendo muitos ramos estéreis ou apenas pouco enraizados na prolificação humana (padres, celibatários, titias, mães-solteiras, falecidos jovens...) retendo esta nuvem de Satélites-Criança (a próxima Geração) e Velhos/Incapacitados (e demais agregados como petis plantas domésticas carros jardins bem-cuidados)
A linhagem Patrilinear, que estuda as sementes e sua circulação de terra-planta-semente, sua prolificação regrada por oferta de Alimento (o Pão) obtido pelo emprego da Mão e colheita do fruto da Natureza
                 P            n
M mãe     M pai     M nascimento

Guardar as sementes. Roubar a colheita do vizinho. Plantar gravidez na menina virgem de parir.

(não consigo continuar, mas era pra falar da industrialização, a produção em série, o milagre da multiplicação, a superlotação do espaço; mutirão